A nonagésima sexta edição da Volta à França terminou no passado Domingo e, agora que pensamos na prova mais a frio, percebemos que esta foi uma edição de redenção, onde uma das mais míticas provas do desporto mundial voltou a gerar à sua volta uma enorme “aura” de espectativas, com milhares e milhares de pessoas a assistir “in loco” à maior prova de ciclismo do mundo. O regresso de Lance Armstrong foi, sem dúvida, o principal dínamo que levou a todo este interesse à volta de um evento que se tinha visto descredebilizado com os sucessivos casos de doping que tomaram conta do pelotão internacional. Também o regresso do vencedor de 2007 e actual melhor ciclista mundial elevaram ainda mais as expectativas em torno do Tour, ainda para mais quando os dois maiores focos de interesse se encontravam na equipa ASTANA, que viveu, segundo se consta, grandes momentos de tensão no hotel, já que na estrada sempre mostrou que era a equipa mais forte e a vitória individual e colectiva não lhe fugiria.

Brunyeel, o director desportivo, que acompanhou Armstrong nas suas sete vitórias no Tour e uma de Alberto Contador, manteve-se fiel ao “amigo de longa data” ao passo que com o espanhol sempre manteve uma relação apenas profissional, bem ao contrário daquilo que tinha com o Norte-Americano. Isso, e não só, criou um incrível mau-estar na equipa e geraram-se dentro da mesma duas diferentes facções, a maior que apoiava Lance e a mais curta, da qual fazia parte Sergio Paulinho, apoiava Alberto, apesar de na estrada Contador sempre mostrar que era, indiscutivelmente, o melhor entre os melhores. No fim, e apesar das permanentes confusões, a equipa cazaque atingiu quase todos os seus objectivos, faltando-lhe apenas um lugar no pódio para assegurar a perfeição.



Agora que a Volta terminou já se tornaram públicos os desentendimentos entre os dois corredores, que se vão picando de um lado e de outro. Aqui tenho de optar por ficar do lado de Lance, porque a grande realidade é que ele nada tem a provar, visto que já tantas e tantas as vitórias, que um terceiro ao fim de três anos de ausência é apenas mais uma a juntar às muitas que já tem, para além disso, como homem jáprovou que não fica atrás do ciclista, porque também é um grande homem, por todas as razões e mais algumas, mas sobretudo a sua constante luta contra o cancro e a humildade com que encara o facto de ser o ciclista mais vigiado e controlado à face da Terra. Já Alberto, como ciclista também nada tem a provar, é o melhor contra qualquer tipo de discussão e refutação, pois a forma como “sobe”, a forma como “corre contra o tempo” provam isso mesmo, mas um grande campeão não se constroi só na estrada, fora dela é preciso mostrar que também se é um grande campeão e aí, Contador, está a milhares de quilómetros de distância do magnífico Lance Armstrong.
Quem ganha com isto é o Tour e o ciclismo mundial que vai recuperando prestígio e vai trazendo mais adeptos a uma modalidade já fortemente acarinhada. Mas discussões à parte, (quer dizer, antes este tipo de discussões que mais uma tenha haver com o flagelo do doping) esta volta confirmou que Andy Schleck é o principal opositor de contador para os próximos anos, faltando-lhe apenas melhorar na vertente de contra-relógio, tendo ainda em seu irmão mais velho um fiel e bom escudeiro para as próximas temporadas, confirmou também que a vitória de Sastre no ano anterior foi, apesar do indíscutível mérito, um mero acaso, já que por lá faltava Contador. Também Cadel Evans desiludiu este ano, restando-nos esperar pelo próximo ano para se perceber se foi apenas uma má volta ou se foi o ínicio da queda da carreira do corredor Australiano, bem como Dennis Menchov, que voltou a verificar que na mais competitiva das voltas poucas hipóteses de triunfo terá. Já no polo mais positivo tivemos a confirmação de um bom ciclista por parte de Vande Velde e de Astarloza e as jovens promessas que conseguiram alcançar excelentes resultados, casos de Kreuziger, Nibali e Tony Martin.



Finalizando deixo ainda uma palavra para a organização da prova, que me desiludiu um pouco em termos de construção de etapas, já que esta foi uma volta menos selectiva que em anos anteriores e isso é um ponto negativo, pois todos sabemos, que a maioria das pessoas, principalmente aquelas que têm algumas noções de ciclismo, gostam e desfrutam mais quando a estrada “empina”, apesar de reconhecer que não é fácil fugir a compromissos organizativos.
Para o próximo ano teremos então Alberto e Andy como principais rivais, sem no entanto deixar de lado Armstrong que voltará muito mais forte e com uma equipa apenas concentrada em si, por isso, é com grande expectativa que aguardo as primeiras pedaladas do Tour’2010.

Abraço
“this is the real life...”

P.S.: Porque não gosto nada de apresentações e despedidas deixo aqui uma nota para referenciar a minha estreia aqui no TaL, onde terei um espaço focado no desporto. Como penso que já me conhecem de “outras bandas” deixo-vos apenas um bem-haja e a promessa de que quando assim se proporcionar cá estarei a escrever sobre um qualquer desporto.

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Blogger João Lopes disse:
Não acompanho ciclismo mas está aqui um bom artigo (acho eu), cada vez mais o ciclismo está a ter mais fãs...

Sê bem-vindo ao TaL!
2 de agosto de 2009 às 17:18