Sei que vou um pouquinho atrasado, mas pronto! Mais um texto soberbo do Visconde de Alentém, o cronista cá de Lousada! Este texto, ao contrário do outro que aqui postei, é de sua autoria! Original Visconde de Alentém. Deliciem-se!

“Chega ao fim o mês de Agosto e este leva consigo os nossos queridos emigrantes, que deixam para trás as famílias e os amigos, na esperança de para o ano cá voltarem.

Classificar a vida de um emigrante, é um exercício de elevada dificuldade para alguém que como eu, tem algumas dúvidas sobre o estilo de vida que é feito por estes durante os outros onze meses do ano.

Já todos nós certamente tivemos a oportunidade de conversar com alguém que faz a sua vida fora de Portugal e de ouvir contar as maravilhas desse mundo além fronteiras.
Fica-se com a sensação de que Portugal é ainda mais atrasado do que realmente é, e desejamos até ter a coragem necessária para embarcar numa aventura fora de portas.

Mas será que a vida de emigrante é assim tão boa, ou será que, por trás de todos estes cenários de sonho existe uma vida igual ou pior do que a que tinham quando estavam cá?
Façam comigo esta pequena reflexão entre o estar “cá” e o estar “lá”, e vamos tentar chegar a uma conclusão.

Todos dizem que “lá” é tudo muito limpo e muito asseado e que ninguém atira lixo para o chão, ninguém cospe para o passeio e as ruas estão incrivelmente limpas. Mas quando os nossos emigrantes vêm de férias fazem exactamente o contrário e comportam-se como se vivessem “cá” há 20 anos atrás. De Verão estamos na praia e vemos constantemente estas famílias a enterrar cigarros na areia das praias, deitar lixo para o chão com a mais pura das latas e ainda com um ar de superioridade como se lhes devêssemos alguma coisa.

“Lá” os automobilistas que não cumpram o código da estrada estão sujeitos a pesadas multas e a ficar sem carta de condução. Ninguém arrisca sequer a pisar o risco e as autoridades são incorruptíveis. “Cá” conduzem a alta velocidade sem respeito por ninguém, estacionam onde quer que lhes apetece e o número de acidentes e mesmo de mortes entre emigrantes de férias, aumenta substancialmente.

O sistema de saúde público e a segurança social de “lá” são muito bons e muito proteccionistas… mas também se desconta muito do salário. “Cá”, o nosso sistema é uma vergonha, mas nem sequer me falem em aumentar impostos para o que quer que seja.

Na parte financeira, “lá” enriquece-se rapidamente e os salários são altos, mas não se pode ir ao café, nem jantar fora porque é tudo muito caro. Trabalha-se 14 horas por dia, sábados e domingos se for preciso, e os tempos livres são passados dentro de casa em pijama. Os trabalhadores portugueses são muito elogiados pelos estrangeiros, são competentes, trabalhadores e “dão o litro”. Por “cá” trabalha-se 8 horas por dia e nem mais um minuto, horas extras nem pensar, e todos os dias se sai de casa para ir beber uma cerveja ao café e o fim-de-semana é passado no shopping ou a fazer quilómetros de automóvel no típico passeio para “domingueiros”.

Depois há a questão da educação. Os emigrantes com filhos nascidos “lá”, quando estão em Portugal, falam sempre entre eles em francês ou noutra língua qualquer, desprezando completamente a língua materna, pois isso dá até um certo ar de inteligência. Quem já não ouviu os nossos emigrantes em férias a falarem constantemente em francês com os seus filhos e esposa, mesmo que estes percebam perfeitamente a língua de Camões? “Cá”, os ucranianos e outros imigrantes falam sempre com os filhos na sua língua de origem e nunca em português, apesar de nas escolas portuguesas até serem os melhores alunos da turma.

As habitações de “lá” são minimalistas e muito simples, mas são muito confortáveis, com aquecimento e muito bem equipadas. Quando um emigrante constrói uma casa “cá”, esta é facilmente reconhecida à distância. Casas aparatosas de modo a dar bem nas vistas, telhados a pique como se estivéssemos num país em que a neve fosse diária no Inverno, mas com um interior de “bradar aos céus”. Já para não falar no curioso que é o facto de todos os emigrantes em França, viverem todos muito perto de Paris. Já repararam nisso? “De minha casa vê-se a Torre Eiffel” dizem eles. O que é certo é que quando alguém lá vai, vivem sempre a cerca de 200 km de Paris e vão lá uma vez na vida.

Este último ponto até dá para comparar com um episódio real protagonizado por um eminente advogado de Paços de Ferreira que vendia terrenos com vista para o mar. O problema é que os terrenos eram na Seroa. Mas era verdade que se via o mar… nos dias mais limpos e a uma distância muito longínqua!

Finalmente, o argumento de peso. Ao fim de um ano apenas, qualquer emigrante vem de férias num automóvel topo de gama, só ao alcance de algumas carteiras. O destino obrigatório é o Santuário de Fátima, nem que durante o resto de ano não rezem sequer uma Avé-Maria, e o carro que muitas vezes até é alugado, não veja a luz do dia até o próximo mês de Agosto.

Perante isto, decida o leitor de que lado gostaria de estar. Eu, sinceramente com todos os males do nosso querido Portugal gosto de cá estar, mesmo dando valor a todos aqueles que arriscaram para terem uma vida melhor e que são sempre queridos no país de origem. No entanto, é necessário que estes percebam que Portugal não é a mesma parvónia que eles deixaram há uns anos. Aqui há pessoas boas e más, mas temos vindo a desenvolver positivamente os nossos hábitos e costumes, mesmo estando a léguas de alguns países. O que seria interessante era os nossos amigos emigrantes ajudarem-nos a evoluir com o exemplo que eles trazem dos supostos “países mais civilizados” em vez de regredirem comportamentalmente sempre que “cá” vêm!”

Soberbo e simplesmente perfeito, não acham!? É que é um retrato perfeito, perfeito, perfeito! Pelo menos eu acho!

Guakjas

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Blogger armyofufs disse:
Falta aí uma...que muitos deles vivem quase em bairros da lata "lá fora". LOL
20 de setembro de 2009 às 22:37