(Vale a pena ler. Uma espécie de retrato à sociedade portuguesa...)

Anda a perturbar-me (entre muitas coisas) esta fobia partidarizante que corrói os anais (isso mesmo) da sociedade portuguesa, em particular e dos portuenses em geral. Na vida de alguns iluminados somos todos pretos ou brancos, vermelhos ou laranjas, conservadores ou progressistas, neoconservadores ou pós-modernistas. Da confusão nasce-me a dúvida: será que as criaturas já tiveram tempo para pensar que no mundo pós-comunismo e guerra-fria já não há um par de blocos? Será que os meninos da foice e do martelo e das camisinhas azuis com riscas brancas se esqueceram de que as cores que pintam o mundo são bem diferentes? Poderia eventualmente analisar esta questão indo às profundezas do nosso futebol, o que poderia levar-me àquela questão bipolar: por um lado os vermelhos do Sul com os azuis e brancos do Norte e tínhamos guerra. Por outro lado, uma outra questão mais plausível (creio) será a do mundo bipolar. Será que ainda existe má fé? Ou uma simples manutenção do statu quo? Caso a resposta seja positiva, ela nada abona a favor dos neurónios dos rapazes, mas a vida não acabou. Usando uma frase de Churchill, «não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor...» Bem, com isto tudo quero falar sobre a nova fobia do governo que é a da construção do troço Poceirão-Caia do TGV. Portugal, não tem dinheiro para mandar cantar um cego numa igreja, temos uma dívida pública que aumenta a par e passo, e vamos ter uma linha de alta velocidade para endividar mais o país. Já que Sócrates anda todo ecologista por andar na berra das energias alternativas, nunca terá ouvido falar em reciclagem? Reciclar as linhas férreas que actualmente existem por umas mais modernas e os seus amigos sucateiros ficavam a ganhar com isso. Pareço um «velho do Restelo» com o jargão do «a culpa é do governo», mas a única hipótese de culpar alguém é mesmo o Estado, gastador e mau pagador. De um lado completamente oposto, creio que as autarquias deveriam ter um papel mais activo neste assunto e convencerem o poder central de que a fobia da construção civil dá dinheiro, mas em reciclar, reabilitar (o Porto ficava mais limpo e os portuenses agradeciam), tornando assim a vida política/vida pública do país mais interessante, e aí fazendo o real e justo preço da competitividade empresarial, descentralizando ministérios para onde realmente são precisos e dividir dinheiros irmãmente por todo o país, mas a única coisa em que realmente somos mesmo irmãos é quando a selecção joga e aí são vistas milhares e milhares de bandeiras por todo lado. Mas acho que a verdadeira fobia do português é perder o acesso ao crédito para ter o plasma em casa e o seu carro topo de gama com a mira na frente. Porque a real fobia do português deveria mesmo ser bom naquilo que faz, e ter mérito. Mas o mérito vai todo para o Mercedes e para as férias do subsídio de desemprego naquelas ilhas absolutamente sublimes no Brasil e para o que se puder mostrar. Não custa nada mudar de opinião, isto se for para melhor. Sinceramente, espero estar neste momento a dormir e, quando acordar e olhar à minha volta e sorrir com orgulho de ser português, ver que o país onde nasci é competitivo, empreendedor, e que é de sonho para poder criar aqui as minhas raízes e com todo o orgulho. Caso isto seja um pesadelo, digo que realmente o país Portugal está cheio de fobias e não tem um bom psiquiatra para nos ajudar a tratar delas.


Tiago Sinclair in NM (revista semanal do Jornal de Noticias)

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Blogger Sinclair disse:
Obrigado por terem partilhado a minha crónica no vosso blogue. Infelizmente incomoda-me muita coisa neste pais, como já puderam ver.
Um forte Abraço
Tiago Sinclair
28 de maio de 2010 às 16:25  
Blogger Tmx disse:
essa questao fo TGV e coomplicada... e certo que temos uma divida publica complicada, mas sera que a questao do raio do comboio e assim tao central.. sera que se notava assim tanto? e para alem disso nos nao mandamos sozinhos, s a uniao europeia diz, fala.. e todos sabemos que e mesmo assim.
mas sim, mercedes a porta, ferias a prestacoes, corda ao pescoço infelizmente e o k se ve cada vez mais por esse pais fora... barriga ninguem ve ja ouvi pessoas dizerem... a partir daqui e sempre a descer creio eu
29 de maio de 2010 às 11:35  
Anonymous Anónimo disse:
@ Sinclair

Obrigado por teres passado por cá!
E muito obrigado pelo teu texto! Muito bom!

Tive de o partilhar porque é de facto algo que eu subscrevo a 100%...

Gostava de falar contigo... Se puderes, claro...

Um abraço
1 de junho de 2010 às 15:12  
Blogger Sinclair disse:
Estou disponivel, já agora também tenho um blogue: Chama-se www.pelaleitura.blogspot.com
podes encontrar lá alguns artigos que foram saindo em jornais.
Um abraço
1 de junho de 2010 às 16:45