Caros amigos, obrigado por se juntarem ao Thoughts and Letters e a mais uma crónica do Desassossego. Espero que tenham tido uma excelente semana. Eu tive uns aprazíveis dias, junto dos meus, num ambiente bem saudável e rural para descansar, por algum tempo, do ano frenético da vida na "cidade".

Tema da Semana: Expulsão dos ciganos do território francês.

O Governo francês saiu-se com uma coisa bem bonita na passada terça-feira, dia 17 de Agosto. "França começa a repatriar ciganos na quinta-feira" dizia a noticia no i.

As sociedades como a francesa, abriram as portas ao mundo. Abriram as suas fronteiras a quem quisesse lá entrar. Hoje em dia as sociedades são um misto de identidades. Um misto de culturas e de religiões. E temos de aprender a viver com isso. Muitos podem não gostar de ciganos ou de pretos mas o que é facto é que têm de viver com eles. Faz parte.

A repatriação de ciganos que está a decorrer em França revela o "desfazer dos fundamentos" da União Europeia.

Podemos entrar agora pela questão da integração dos ciganos na sociedade. De facto eles são "um povo" que vive à margem da sociedade. Todos sabemos que essa complexidade existe, mas também a falta de vontade e meios adequados a essa integração, da parte das entidades oficiais. Em vez de ajudarem na integração nos modos das sociedades, não: expulsam-nos. Não me parece que seja algo muito democrático. O Governo francês está a entrar num puro acto de "selecção de raças".
Mas o que mais me irrita são os comentários que vamos vendo pelos jornais on-line. A maioria dele a apoiar a 100%. Esquecem-se de que vivem lá milhares de emigrantes portugueses. "Os portugueses nunca serão expulsos porque os portugueses trabalham e não são parasitas da sociedade", diz um. E os ciganos são parasitas? Por amor de Deus. Ninguém é parasita. Se os Governos deixaram entrar todo o tipo de gente agora que acatem com as consequências! Arranjem formas de os ajudar! E não, não é com a construção de bairros sociais enormes onde se "empacotam" as pessoas que as coisas se resolvem. Mas também não é a fugir com o rabo entre as pernas que o problema fica resolvido! E também não é a fazer isto:



Enfim. Parabéns à França. Se nada se fizer, a Europa pode contar com um novo Hitler.

Esta questão é demasiado complexa. Percebo que os franceses se sintam incomodados e a perder a identidade pois até me arriscaria a dizer que 1/3 dos habitantes da França não são franceses... Mas as soluções não podem ser tão radicais assim... A França é um dos países com mais poder na Europa e no mundo e faz parte, por exemplo, do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Não pode agir assim...

Deixem o vosso comentário. Estou a contar com a vossa participação.

Até para a semana

Guakjas

PS: Em nota de rodapé deixo-vos duas noticias: esta aqui, dos "certificados do 12º ano vendidos na Internet por 400 euros" e esta "Um milhão de famílias vão prestar prova de rendimentos"
TaLvez para a semana opine sobre isto ;)

Abraço


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Blogger edgehead disse:
Não consigo deixar de pensar que, apesar de ter algum fundo de verdade, o teu texto se encontra demasiado desajustado da realidade para se poder aplicar...

Sim, efectivamente, as sociedades abriram as suas portas. Mas, convenhamos, quando o fizeram, esperavam acolher quem viesse contribuir para o desenvolvimento dessas, como por exemplo, após a 2a Guerra Mundial em que os emigrantes tiveram um papel importante na reconstrução dos países afectados assim como na retoma económica dos países destruídos. Agora, a partir do momento em que aquele que procura um país para viver do qual não é natural e se recusa a contribuir para o desenvolvimento desse, vivendo ainda, se for necessário, da delinquência, creio que se justifica a sua repatriação, visto que, no fundo, a nação que o acolheu viu-se ludibriada e em vez de ter acolhido um novo cidadão, acolheu um criminoso. Neste tipo de situações penso que a repatriação pode ser justificável e aplicada quer se trate de um cigano, Português ou Marroquino.

Depois criticas a falta de vontade e de meios adequados de integração dos ciganos. Não conheço o caso Francês, mas o que conheço do Português...enfim, aquilo é RSI's, aquilo é todo o tipo de regalias para os ciganos que mesmo assim continuam a viver à margem da sociedade que os evita, em muitas situações, devido ao medo que esses conseguem incutir nas pessoas com a sua atitude marginal.

Quanto ao facto de o governo Francês estar a entrar no puro acto de selecção de raças, meu caro, não digo que não tenhas razão, mas, infelizmente, o que já não falta em França são problemas a nível social...Se calhar, e apesar de longe da solução perfeita, esta acaba por ser a mais adequada para evitar problemas sociais a uma escala ainda mais grave.

Depois, cais numa mania geral, que sinceramente me irrita, que é a de cada vez que surge um problema de cariz público culpar os governos. "Se os Governos deixaram entrar todo o tipo de gente agora que acatem com as consequências! Arranjem formas de os ajudar!"

Pois, lá está, o mal é que muitas vezes os governos não deixam entrar todo o tipo de gente, esses muitas vezes entram como se fossem passar férias e estabelecem-se como emigrantes ilegais, sendo que alguns depois acabam por constituir família com naturais e adquirir a nacionalidade por essa via. Portanto, como vês, a culpa nem sempre é dos governos e muito ainda fazem esses para resolver as situações em que muitos emigrantes se encontram, construindo, por exemplo, esses criticados bairros sociais que, apesar de tudo, dão a muitos condições elementares que antes não possuiam nos bairros de lata construidos sem qualquer tipo de ordenamento nos quais viviam.

Por fim, cuidado com as hipérboles, encara isto com a responsabilidade que merece ser encarado ( no fim de contas estão em jogo seres-humanos) mas não vitimizes demasiado as alegadas vitimas disto, porque, muitas vezes, essas aproveitam-se disso para a chantagem psicológica barata, aliás, o teu título fez-me lembrar justamente isso, visto que os judeus ainda hojem utilizam a vitimização da perseguição de que foram vitimas durante a 2aGM para cometerem as maiores barbaridades, com o apoio dos nossos queridos amigos Americanos.

Cumprimentos.
22 de agosto de 2010 às 13:45  
Blogger Knuckles disse:
Sublinho na íntegra o comentário do João Miguel.

Numa conversa que inclusive já tivemos, chegámos à conclusão que muitas das pessoas (desta ou de outra etnia) começa a invadir a Europa e a criar os fosso sociais existentes, a título de exemplo, na Sul da América.

As pessoas estabelecem, criando grupos (como ditam as leis biológicas), criando um pequeno estado regido com leis diferentes dentro do estado maior onde se inserem. E quem questionar esta maneira de agir é coagido com uma demonstração física de poder. É a isto que chamas democracia? Se bem me lembro, dos único países que abriu as portas a outras culturas foi o nosso, com as brilhantes ideias do prodígio da moçonaria nacional, Jorge Sampaio himself, que atribuí o título de português a quem fale um dialecto parecido (um "olá" ou "obrigado mais ou menos bem articulado).

Lembra-te, meu caro, quantos não foram os portugueses deportados do Canadá? Um país cujo modelo democrático é ampla e constantemente elogiado e até aplicado em países com economias emergente. E duvido que assumissem uma postura tão marginal como esta.

E sim, tem cuidado com as hipérboles. O que se trata aqui não é de uma questão de raças, mas sim de procurar estabilizar socialmente um país. Na França, quantos não são os argelinos deportados por possuírem armamento ilegal? Os próprios nórdicos (se lês o ionline como sei que fazes, lembra-te-ás de uma reportagem sobre um Serial Killer sueco que começou a matar precisamente por não ter nacionalidade nórdica e ser e ser socialmente subjugado)são muito exigentes quanto à entrada de pessoas no seu país. E actualmente na América é necessário uma série de burocracias só para passar férias.

Peace :)
22 de agosto de 2010 às 19:35  
Anonymous Anónimo disse:
Não se trata simplesmente de resolver um problema social.
Trata-se de maltratar as pessoas. Desculpem lá. Vocês estão num país e de repente têm de ser expulsos porque sim? Ok, confesso que, no caso dos ciganos, a coisa ainda é mais complexa pois toda a gente vai apoiar porque "os ciganos não fazem nada, só recebem RSI, são uns parasitas..." Pois é verdade, mas merecem respeito. Independentemente da forma como vivem a sua vida.

Não me vou alongar mais.
Estou a ver que por aqui abundam tipo da direita que por eles, todos os que não são portugueses saiam do país... Se assim fosse coitado de mim...

Abraço
22 de agosto de 2010 às 19:44  
Anonymous Anónimo disse:
*tipos
22 de agosto de 2010 às 19:44  
Anonymous Anónimo disse:
Já agora deixo aqui um link http://www.tvi24.iol.pt/internacional/italia-ciganos-tvi24/1186270-4073.html

Já se começa a alastrar pelo resto da Europa (de direita, claro)
22 de agosto de 2010 às 19:48  
Blogger Knuckles disse:
Mas quem é que aqui se referiu a direita ou sequer partidismo? Sinceramente estou farto dessa conversa. E de que maneira.

O teu comentário foi bem sem sentido, pouco contra argumentaste. O que eu e o João Miguel argumentamos é no sentido de sair do país quem não contribuí para o seu saudável desenvolvimento! Custa assim tanto ler? Se for cigano, oriundo de Angola ou de qualquer parte do mundo não tem, como é óbvio, motivos para abandonar o país se viver pacificamente, responsavelmente como qualquer outro cidadão de nacionalidade portuguesa. Esta gente ou não sabe ler, ou tem interpretações maliciosas que levam a que se puxe do partidismo de cada um. Eu e o João Miguel temos ideologias políticas bem diferentes, para que conste, e nenhum de nós as referiu.
22 de agosto de 2010 às 20:44  
Anonymous Anónimo disse:
Não é o que me parece...
Mas enfim.

Pouco contra-argumentei porque até concordo com o que aqui está escrito.

"é no sentido de sair do país quem não contribuí para o seu saudável desenvolvimento"
Até concordo. Mas levar esta situação a extremos não é de um país com as responsabilidades da Europa. Certamente haverá outros meios :)

Peço desculpa por alguma coisa ;)
22 de agosto de 2010 às 20:56  
Anonymous joão miguel disse:
Boas, Che, o humanitarismo, sem dúvida louvável, não deve ser levado a extremos, caso contrário entramos numa ditadura de minorias, algo que também não me parece saudável. Pessoalmente, e hipoteticamente falando, não me parece também justo que em nome do respeito pela dignidade de um ser-humano, que por opção própria enveredou pelo caminho da deliquência, se permita que no futuro esse venha a efectuar algo que coloque em perigo a dignidade de outrém, daí que se tenha que encarar com muito cuidado todo este tipo de situações.

"Até concordo. Mas levar esta situação a extremos não é de um país com as responsabilidades da Europa. Certamente haverá outros meios :)"

Claro que sim, mas quais meios? É que no fundo os governos são presos por ter cão e presos por não ter! Se dificultam a entrada de emigrantes são uma cambada de fascistas de direita que estão a deturpar a imagem da Europa como o velho porto de abrigo do mundo. Se os deixam entrar e, posteriormente, pensam em deportar os que enveredaram pela deliquência ou se encontram em situação ilegal, são uns maus porque todos têm direito à dignidade e respeito. Se optam por os deixar cá ficar e com isso aumenta a insegurança são uns incompetentes porque, lá está, deixaram entrar quem não devia; se optam por resolver a situação sem recorrer à deportação são uns maus porque as prisões estão sobrelotadas e manter um preso custa dinheiro e esse dinheiro vai ser retirado dos bolsos daqueles que ganham a vida honestamente, através de impostos.

Enfim, não há uma solução perfeita, de qualquer forma, e tendo eu demonstrado a minha, não digo aprovação mas sim compreensão para com aquela que foi apresentada pelo governo Francês, gostaria que também tu partilhasses a tua em nome da troca de ideias.

p.s: Acredita, efectivamente, eu e o Knuckles encontramo-nos em campos ideologico-politicos consideravelmente diferentes, portanto, nem vale a pena tentar pender esta discussão para uma eventual esquerda ou direita.

Cumprimentos.
22 de agosto de 2010 às 23:17  
Anonymous Anónimo disse:
bem
eu so gostaria de dizer que muitos de voçes nao conhecem a realidade francesa. em frança so nao se esta bem na vida quem nao quer. porque quem trabalhar e se esforçar irá ter uma vida muito boa. isso é o que os ciganos e muitos arabes nao querem fazer vivendo assim das RSI's. prejudicando o país economicamente.
por isso o que os sarcozi esta a fazer, no fundo, é que a frança não afunde economicamente por causa de certos individuos que não ajudam em nada o país.
23 de agosto de 2010 às 09:18  
Anonymous Armando disse:
Guakjas, passei pelo blogue do João Tilly e encontrei a resposta...

É por causa disto http://joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/277300.html que a França e outros países europeus estão a tomar estas medidas...

Acho que basta... Independentemente das questões sociais inerentes ;)

Abraço
23 de agosto de 2010 às 12:34  
Blogger Micael Sousa disse:
Deixo aqui uma pequena divulgação que pode parecer surpreendente. A 'Declaração dos Direitos Humanos' impossibilita define muito especificamente que a emigração é um direito do Homem, o que torna o conceito de "emigrante ilegal" um violação directa a esse documento ratificado pela maioria dos Estados (incluindo a Franca).

Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Pessoalmente, independentemente da violação ou não da Declaração dos Direitos Humanos, os Estados devem ter uma política de imigração que se baseie na integração e não na expulsão. Aqui a que hoje chamamos "Franceses" em França, em tempos mais recuados foram também imigrantes e estrangeiros. O mesmo acontece em Portugal
25 de agosto de 2010 às 11:59  
Anonymous joão miguel disse:
^Claro, isso é tudo muito louvável e nobre, mas continuo sem ver uma proposta de solução concreta para este problema, por parte de quem discorda da atitude do governo Francês...
25 de agosto de 2010 às 18:30  
Blogger Knuckles disse:
A "Declaração dos Direitos Humanos" é um documento mundialmente basilar, desde a sua elaboração pós 2ª Guerra Mundial.

Contudo foi esquecida a sua segunda (e de igual importância parte) dos "Deveres Humanos" e tenho a certeza que ao existir tal documento, muitas das situações aqui referidas seriam refutadas à velocidade de Luz.

Seria bom que fossem apenas direitos. Just saying.
25 de agosto de 2010 às 19:55  
Anonymous Anónimo disse:
É uma questão bastante complexa sem dúvida.

Através dos vossos comentários (e não só) percebi que esta questão não tem só a ver única e exclusivamente com questões do desenvolvimento do país que os acolheu e depois a questão social...

Muito complexo... Muito complexo...

Melhor solução? Sinceramente não sei.

Obrigado pela participação e desculpa a demorada resposta :)
29 de agosto de 2010 às 18:07