Sejam bem-vindos ao meu modesto espaço de opinião e critica na casa do Thoughts and Letters.


Tema da semana: As campanhas de Verão da policia

Todos os anos ouvimos falar das campanhas de verão da policia para a segurança nas estradas. Aquelas do tipo "Se conduzir não beba" etc. Acho muito bem que este tipo de campanhas de sensibilização dos condutores exista pois nesta altura de verão as pessoas viajam muito e claro, como estão de férias, divertem-se ao máximo. E essas diversões, se levadas ao excesso, às vezes custam a vida... Ora é obrigação da policia e daqueles que zelam pela segurança nacional exibirem este tipo de campanhas.

Mas não campanhas como esta (vejam se faz favor). Esta campanha é ridícula. Ponto final.

"Sensibilizar os jovens para o consumo moderado de álcool é o objectivo da campanha “Condutor Designado 100% Cool”, no âmbito da qual têm vindo a ser realizadas acções de fiscalização tendo como público-alvo os condutores com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos.
Com uma forte aposta na educação, motivação e responsabilização dos jovens para o consumo moderado de álcool, as acções “100% Cool” premeiam simbolicamente os condutores que registem taxas de alcoolemia zero, desde que acompanhados por um mínimo de dois passageiros. A ANEBE (Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas) e a GNR premiaram, com vales de gasolina de 25 euros, vários condutores que registaram taxas de alcoolemia zero." in Governo Civil de Faro


É um incentivo, embora temporário, a cumprir a lei por prémios materiais! Isto é uma infantilidade. É o mesmo que dizer "Se te portares bem, dou-te um doce." Um dos princípios de qualquer conjunto de leis é que estas sejam obedecidas por si, ou seja a autonomia do imperativo que lhes impõem, e não que haja a atribuição de prémios por serem cumpridas...assim a lei passa a ser um meio para ser beneficiado e não um fim!

Acho muito bem que se sensibilize os jovens para estas coisas. Só nos fica bem cumprir com a lei. Não fizemos mais que a nossa obrigação! Mas daí a receber um prémio por isso? Mas o que é isto? Será esta a única forma de levar as pessoas a cumprir com as obrigações? Dando recompensas?
Olhem eu nem digo nada...Não me surpreendia nada que a sinistralidade rodoviária baixasse se esta coisa dos prémios se estende-se a outras coisas...

Não me alongo mais

Um abraço a todos

Até para a semana

Guakjas


Etiquetas: ,

Qualquer tipo de publicidade e/ou comentário que tente denegrir a imagem de qualquer elemento/visitante deste blog será imediatamente apagado, sem aviso prévio.

Enviar um comentário

O quê? Já estamos a gravar? ups..
Olá pessoal!
É só para dizer para quando comentarem, não insultarem ninguém (a não ser que tenham razão :D), não fazer Pub., e principalmente não desiludir a vossa mãe, e ser bem-educado ;)
(Ou podes também fazer o contrário de tudo, mas arriscas-te a ver o teu comentário apagado! :D)
Vá agora deixa-te de merdas e comenta! ;)
Thanks!

Blogger Miolo 3 disse:
Esta campanha é tão ridícula! É o cúmulo, é chamar à geração "100% cool" de infantis, pessoas que só cumprem os seus deveres porque no final recebem um rebuçado! Vamos indo bem, sim!... Olha, com a ministra da educação que temos, não duvido nada que ela diga "E como incentivo para os jovens passem de ano, vamos oferecer uma viagem a todos os que transitarem"... Pois... o problema é que agora ninguém reprova --'
29 de agosto de 2010 às 17:02  
Blogger armyofufs disse:
Muito bom! Subscrevo na totalidade o teu texto, Guakjas, e o comentário acima, do nosso caro Miolo.

Enfatizo este excerto, que penso que sintetiza o cerne da posição face a esta abominação moral: "Um dos princípios de qualquer conjunto de leis é que estas sejam obedecidas por si, ou seja a autonomia do imperativo que lhes impõem, e não que haja a atribuição de prémios por serem cumpridas...assim a lei passa a ser um meio para ser beneficiado e não um fim!"

Abraço ;)
29 de agosto de 2010 às 17:10  
Anonymous joao miguel disse:
Sao as denominadas sançoes premiais;)

Concordo em absoluto contigo.

Todavia, penso que convem ainda referir que estao em jogo vidas humanas! Dai, mesmo que a medida seja ridicula, caso sirva para salvar vidas compreendo a sua aplicaçao.

Penso que esta questao se prende com outras como a ajuda humanitaria por parte de famosos aquando da ocorrencia de catastrofes naturais, como foi o caso do Haiti. Critica-se que esses apenas contribuem de forma a adquirirem maior destaque na imprensa, mas ao menos, contribuem e os afectados pelas catastrofes ficam melhor.

Aqui estamos no mesmo. A sensibilizaçao e palerma, mas desde que se evitem acidentes e se salvem vidas...

p.s: A ausencia de acentuaçao nas palavras deve-se ao facto de o meu querido teclado estar marado, lol.

Cumprimentos.
29 de agosto de 2010 às 20:58  
Blogger armyofufs disse:
João, penso que a questão que o Guakjas analisou no seu texto, e com a qual pretendeu fomentar discussão, foi a derivação que medidas como esta pode ter na consciência do dever cívico contido na lei. Pois como ele mesmo referiu, e penso que bem, a ocorrência de episódios de campanhas como esta pode conduzir à descredibilização anímica do sentido de dever pelo dever instituído pela lei vigente. Ao incentivar os cidadãos a circunscreverem a sua moral nos limites definidos pela lei com recurso a emolumentos materiais (como neste caso a oferta de cheques-brinde), fomenta-se, ainda que algo inadvertidamente, a tendência para a educação civil baseada numa moral heterónoma, na qual o cidadão comum é impelido a respeitar o seu imperativo como meio para obtenção de regalias. E aí é que reside, de acordo com o meu ponto de vista, o erro. A meu ver, um dos princípios indissociáveis de todo o código de conduta em sociedade será o seu firmamento numa moral autónoma, que instigue os cidadãos que lhe estão coadunados a cumprir a lei pela lei, uma lei tida como fim e não como meio.

Penso que te equivocaste quando opinaste acerca da legitimidade ou não de personalidades ou instituições de intervirem no sentido de auxiliar civicamente a população. O que aqui estava em causa não era tanto a legitimidade do acto, mas as suas consequências. Além de que não creio que a tentativa de instigar os condutores a tomarem precauções no que concerne à ingestão de álcool tenha muito que ver com o auxílio monetário a vítimas de catástrofes naturais, como no caso do Haiti, tal como referiste.

Cumprimentos ;)
29 de agosto de 2010 às 22:05  
Anonymous Anónimo disse:
Hoje n há rescaldo infernal??

Boa crónica, concordo com tudo o q foi dito.
30 de agosto de 2010 às 00:16  
Blogger Micael Sousa disse:
Agora vou_me socorrer de alguns conhecimentos académicos sobre planeamento e gestão, especialmente de planeamento e consciencialização paras "coisas públicas".
Existe um termo pseudo-técnico para estes casos, chama-se a "técnica do bastão e da cenoura" - a fazer lembrar o modo como se domestica e faz trabalhar uma qualquer besta de carga. Isto pode parecer ofensivo para a condição humana, mas a verdade é que se se quiser implementar e mudar hábitos até hoje foi a melhor metodologia já aplicada: um misto de repressão e dádiva de contrapartida.
O nome da campanha aqui referido pode ser "idiota" mas a verdade é que tem resultados positivos e se com isto se conseguir enraizar o habito do car-pulling (partilha de veículos em sistemas de boleias) para saídas à noite em que o condutor se responsabiliza por conduzir sóbrio - estranho mas efectivamente consegue-se - já foi positiva.
Deixo outro exemplo da técnica do bastão e da cenoura: proibição de circular no centro das cidades com veículos automóveis particulares, mas existirem parque de estacionamento nas imediações das cidades servidos por transportes públicos ou modos ligeiros mais baratos ou até gratuitos para quem lá estacionar.
31 de agosto de 2010 às 12:46  
Blogger Micael Sousa disse:
Infelizmente os comportamento não são apenas fruto de uma elevada consciencialização e espírito consciente de cidadania. Fruto disso é o resultado que hoje temos na forma de país. Por isso, qualquer cenoura, por mais idiota que seja, será sempre uma mais-valia por através dela evoluímos.
Os idealismos não cumprem aqui o propósito das cenouras - infelizmente. Até lá, há que abastecermos o pais desse vegetal cor-de-laranja. ;)
31 de agosto de 2010 às 12:49  
Blogger armyofufs disse:
Micael, compreendo e, em determinados aspectos, aceito a tua opinião/posição no que se refere a esta temática, nomeadamente quando inserida no TaL "planeamento e consciencialização para as 'coisas públicas'" que referiste. Ainda para mais se tivermos em consideração determinados parâmetros pelos quais, pelo menos supostamente, se regula a natureza humana e, por conseguinte, a força motriz que conduz o ser humano a certa acção. Aliás, TaLvez até seja essa a base onde se firma a teoria por detrás desse termo que aplicaste, "técnica do bastão e da cenoura", dada a proximidade que temos com os nossos companheiros irracionais.
Compreendo igualmente que, para que a intervenção pública, por meio do planeamento e consciencialização, se coadune com os critérios tendencialmente pragmáticos pelos quais se regem as sociedades ocidentais actuais, os idealismos não os satisfazem.
Mas penso que a ser assim, então de certo que há muito floreado no sistema de Direito vigente, nomeadamente no que diz respeito a determinadas características que, supostamente, o moldam. Corrige-me se estiver errado, mas, pelo menos segundo uma perspectiva ideológica, o Direito sempre se quis de índole marcadamente categórica. O imperativo que por seu meio é imposto a todos os cidadãos que pertençam à sociedade à qual foi imposto, de uma forma categórica e não hipotética. Filosoficamente falando, este tipo de medidas (como a discutida no texto do Guakjas) é válido hipoteticamente ("Se fizer isto, então ganho aquilo."; "Só faço isto, se receber aquilo."), e não categoricamente ("Faço isto porque estou obrigado, pela minha consciência, a fazê-lo.").
Portanto, o que frisaste é verdadeiro, do ponto de vista dos resultados que atinge. O problema que detecto nisso é, como já disse, o facto de não se coadunar com um dos princípios fundamentais de Direito e, concomitantemente com os resultados vir a instigação cívica à observância de um dever hipotético e não categórico, no sentido filosófico dos termos.
Penso que na tentativa de obter resultados mais rápidos e palpáveis se descura a forma racional, na sua componente prática, dos actos, a qual poderia, gradual e morosamente (também é verdade), conduzir à edificação de uma sociedade firmada numa estrutura basilar sólida de cumprimento incondicional do dever cívico.
31 de agosto de 2010 às 17:36  
Blogger Micael Sousa disse:
As questões aqui levantadas são simples e complexas em simultâneo – valha-nos o pragmatismo. Para arranjar modos de resolver determinados problemas, que resultam e envolvem as sociedades humanas, dificilmente encontraremos uma solução única, pois a sociedade também não é um todo homogéneo – não é um só problema nem uma só solução. Por isso as abordagens devem ser diversas e diversificadas. A "técnica do Bastão e da Cenoura" é a mais pragmática no entanto não é a ideal nem a única que deva ser utilizada. Em primeiro plano, de um ponto de vista ideal, a opção deverá ser sempre a consciencialização através da formação e educação para que os próprios cidadãos estejam conscientes dos seus actos e resultados que dai advém - cada um ser o seu próprio polícia. Em segundo plano colocaria então a técnica que já citei. Por fim colocaria a repressão. Mas, dada a grande mutabilidade das sociedades humanas, especialmente a das contemporâneas, esta ordem pode sempre ter de ser ajustada.
Mas percebo que condenem o princípio fundamental que serviu de base à campanha aqui criticada. Se todos fossemos racionais, auto-conscientes e vivêssemos a liberdade enquanto responsabilidade muito provavelmente tais campanhas não seria necessárias, mas, como sabemos, o mundo ”real” não é assim…
31 de agosto de 2010 às 17:59  
Blogger armyofufs disse:
"Para arranjar modos de resolver determinados problemas, que resultam e envolvem as sociedades humanas, dificilmente encontraremos uma solução única, pois a sociedade também não é um todo homogéneo – não é um só problema nem uma só solução."

Ora nisso concordo em absoluto. Não sei se fui claro neste ponto, mas o que eu critiquei, essencialmente, foi a divergência de "princípios fundamentais" que sustentam o Direito e este género de campanhas. Penso que se essa heterogeneidade social é assim tão evidente - como me parece que é, apenas a sociedade em si tende a esbatê-la - então a própria tentativa de tornar a lei em algo categórico é frustrada, utópica. E, no entanto, é sob esse "estandarte" que ela é elaborada. De tal forma que acho que penso que estas "abordagens", apesar de pela sua diversidade compactuarem com a heterogeneidade social, acabam por ser algo contraditórias.
31 de agosto de 2010 às 19:07