Na 5ª crónica de 'O vislumbre da Busca pela Sabedoria' trago aqui um tema polémico: o Humor em Portugal e o modo como trata a Religião.

Nos últimas décadas a sociedade Portuguesa tem se democratizada e o humor que foi sendo produzido não foi excepção dessa influência. Lentamente começaram a ser criadas anedotas, músicas e sketchs, que brincavam e criticavam a Religião. Obviamente, mesmo apesar da restauração da democracia, vários sectores da nossa sociedade criticaram na altura essas inovações humorísticas - munidos de argumentos conservadores e tradicionalistas.
Fuzilamentos de Maio - Goya
Deixo aqui duas ligações, cada uma a um texto do blogue que, também eles, têm ligações a dois sketchs nacionais que, para mim, merecem ser recordados pelo modo como abordam e fazem humor com a religião:


A censura já lá vai? (referente à 'Última Ceia' de Herman José)

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Anonymous Anónimo disse:
Os Gato Fedorento estão num tempo onde as mentalidades estão mais abertas... Mas será mesmo?

Aquele sketch do Herman na altura com certeza que foi muito pesado... Mas logo aí víamos a mesquinhez tão típica do português. Se não nos rirmos de nós próprios vamos rir de quem?

Abraço Micael
25 de agosto de 2010 às 15:12  
Blogger Knuckles disse:
Qualquer tema que aborde directa ou indirectamente a religião é gerador de grande controvérsia. Isto porque, a religião é algo bem mais polémico que política, desporto ou todos os temas que hipoteticamente poderiam gerar controvérsia. A religião é vista como algo que gere o ser-humano, algo superior a qualquer coisa que seja avaliável... e qualquer um que aceite esta premissa pode interpreta-la de uma maneira cordial e democrática ou de um modo extremista.

Falando no Cristianismo, se tivermos em mente que a salvação e o seguimento de uma doutrina dada por alguém que se sacrificou por nós, a ofensa é tida como insuportável pelos mais conservadores, tocando no ponto mais fraco de cada um dos seguidores, no seu poço de esperança mental e espiritual.

Posto isto (e achando que a maioria dos humoristas apenas fala em religião para gerar controvérsia), é um tema que deve ser tratado com todo o respeito e cautela, pois para a esmagadora maioria que acredita, o humorista está a tocar num assunto, que como em cima citado, se sobrepõe a toda e qualquer área.

Pessoalmente julgo que ironizar a igreja enquanto instituição é "pesado" mas minimamente aceitável. Agora ironizar a religião é inaceitável, por todos por argumentos dados em cima.

"Mas logo aí víamos a mesquinhez tão típica do português."

Sure. Tenta encontrar algo semelhante na Irlanda, Médio Oriente, América do Sul e Ásia. E julgo que Portugal até é apologista neste tipo de black humor de origem britânica. Basta ver alguns trabalhos de "Os Contemporâneos" ou algumas tiradas de Bruno Nogueira no "Lado B". E não geram tanta polémica quanto isso.
25 de agosto de 2010 às 19:50  
Blogger Micael Sousa disse:
Só queria acrescentar um pequeno pormenor, relativo a algo que foi já por mim referido - a evolução -: contemporâneos aconteceu há não mais de 2 anos e o Lado B aconteceu "ontem".
26 de agosto de 2010 às 10:21  
Blogger armyofufs disse:
Bem, no que concerne a esta temática devo dizer que tenho uma opinião bem definida (e reitero o termo "opinião").

Concordo plenamente quando é referido que ironizar uma instituição religiosa é menos temerário do que fazê-lo relativamente ao credo religioso em si. Não tenho qualquer dúvida de que os senhores a quem é delegada a tarefa onerosa de gerir uma instituição desta índole, como seres humanos que são, não podem mais do que professar a crença à luz da sua visão do mundo, a qual, lapidada por uma miríade disforme de factores (genética, ambiente, cultura,...) pode legitimamente deturpar as ideologias perpetuadas sob a forma escrita pelos autores das mesmas. Ainda assim, penso que sucedem situações lastimáveis, derivadas do emprego déspota do poder "moral" de que se investem tais entidades, mas não irei gerar aqui discussão focada nessa matéria ainda mais controversa e ambígua do que a que deu corpo ao post. Apenas incluí este ponto para firmar a minha argumentação. Daqui parto para a conclusão de que, certamente, serão lesadas mais sensibilidades quando a paródia tem por mote o credo religioso em questão, imaculado do processamento analítico dessas máquinas oleadas pelos cânones seminaristas.

Mas isso acaba, a meu ver, por nem ser o busílis da questão. Esse está na atribuição de legitimidade à prática de humor livre canalizado para uma perspectiva optimisticamente "idiota" de episódios consagrados nos textos sagrados, nomeadamente os que envolvem, na sua trama, os respectivos messias.

Ora, de acordo com a minha óptica (lamento, mas esta não se altera por trocar de lentes), tudo quanto seja produção elaborada nos moldes supracitados nem sequer deveria merecer uma singela apreciação por parte das autoridades religiosas, quanto mais uma admoestação, ou sabe-se lá que infame acção idónea, caso fossemos coetâneos de Galileu Galilei. Isto porquê? Pelo simples facto de que não me parece, de todo, que a motivação de qualquer um dos praticantes deste ramo satírico seja deixar implícito na sua obra um qualquer conluio, mirado na estrutura basilar de uma metafísica que o soterra, quanto mais não seja pelo facto populista de ter sido obro conjunto de diversas personalidades com lugar cativo nos anais da história humana. A germinar uma preocupação nas mentes eclesiásticas, que a semente desta tenha sido um qualquer texto redigido (de menor ou maior extensão) por uma entidade influente nos meios intelectuais mundiais, e não uma piadola "nonsense", sem qualquer fundamento racional, apenas o de amenizar, liberta dos grilhões da tradição e dos convencionalismos, uma situação famigerada e, quiçá, até instigar a uma optimização psicológica de eventuais vicissitudes quotidianas. Ou os pilares dessas magnânimes e milenares instituições são de tal forma frágeis que rangem quando corre a brejeira aragem de uma piada irracional? Compreendo que o que TaLvez aconteça, e que vitime essas mesmas estruturas, seja, não a sua imponência original, mas a negligência da sua manutenção por negar a aceder a restaurações regulares. Mas lá têm havido sempre os improvisos de última hora para remendar as brechas que vão dando ar de sua graça, não é verdade?

Aqui deixo, então, a minha visão da temática. Espero que não demasiadamente imbuída no estilo irónico vicentino.

Cumprimentos.
26 de agosto de 2010 às 23:36  
Blogger armyofufs disse:
Esqueci-me de frisar que, no que toca aos crentes, estes devem possuir maturidade suficiente para compreender que o mundo (e quem diz o mundo, diz um país) é composto por seres humanos plurais em pensamentos, convicções e idiossincrasias, o que é algo que deve ser tomado em consideração aquando da selecção de programas a incluir na sua grelha programática, por parte das estações televisivas.

Se fere susceptibilidades, as "vítimas" que façam o favor de mudar de canal, que é uma acção que ninguém lhes pode coagir. Porém, penso que se forem devotos o suficiente, certamente que alegremente farão o obséquio de acatar o ensinamento de Jesus, que professava o amor ao próximo, a compreensão do outro, independente da sua adesão à religião. E aí, quem sabe, com esforço mútuo, possamos arranjar matéria-prima para edificar um novo mundo, no qual as pessoas são incondicionalmente boas, em estrita harmonia com a natureza e os seus semelhantes e o próprio sol se ri...materializar o mundo dos Teletubbies, vá lá.
27 de agosto de 2010 às 00:11