Ora boas, como adepto daquele que é o desporto-rei, hoje não poderia deixar de comentar o caso que, ultimamente, tem dominado a actualidade desportiva nacional, refiro-me, como certamente já terão depreendido por este momento, ao escaldante caso Carlos Queiroz.

Antes demais vamos lá esclarecer uns pontos:

Primeiro. A selecção Portuguesa apresentada no Mundial da África do Sul situava-se num grau inferior àquela que exibimos no Euro 2004, Mundial 2006 e, arrisco, até Euro 2008. Como tal, a passagem aos oitavos de final, com uma goleada pelo meio, dois empates contra equipas relativamente fortes em que até demonstrámos bastante consistência defensiva e uma derrota frente a uma selecção que era irrefutavelmente superior não é assim uma calamidade tão grande.

Segundo. Carlos Queiroz não é um sujeito tão negro como o pintam, aliás, foi um dos principais responsáveis pela edificação de uma denominada “geração de ouro”, composta por Figos, Costas, etc. O seu único defeito, a meu ver, talvez seja a sua personalidade excessivamente calma e passiva perante a comunicação social. Quanto às exibições dos Navegadores sob a sua alçada...remeto-vos para o primeiro ponto, a nossa selecção está, a meu ver, longe do nível competitivo apresentado outrora e, como tal, não me parece justo culpabilizar o selecionador por qualquer resultado menos positivo, pelo menos da forma como foi feito.

Tendo em conta tais permissas, desde que houvesse apoio por parte dos “lobbys” da FPF, creio que estavam reunidas todas as condições para que Queiroz cumprisse o seu contrato até ao fim.

Todavia, perante a prestação Portuguesa no continente Africano, insurgiram-se num grito incessante as vozes da decepção e, consequentemente, cabeças tinham de rolar. A mais frágil era, justamente, a do selecionador nacional.

Contudo, lá está, havia o problema da duração do contrato. Solução? Vai-se repescar um desentendimento qualquer sem importância com o controlo “anti-doping” para um despedimento com justa causa, cumprindo-se assim o objectivo de mandar Queiroz para o olho da rua e expondo-se assim a hipocrisia que nos rodeia, tendo em conta que, por exemplo, Scolari apenas se deleitou a esmurrar adversários e a enviar jornalistas para locais menos próprios durante a sua estadia em Portugal sem nunca ter visto o seu posto ameaçado.

À conta de tudo isto, vemos actualmente a FPF e o ainda selecionador nacional envoltos num alegre circo mediático. Agora, segundo novos avanços, Carlos Queiroz diz que “mais do que nunca tem condições para continuar à frente da selecção”.

Convenhamos, para se ocupar um cargo como o de selecionador nacional de futebol, se há algo que tem de existir para se desenvolver um trabalho digno e competente é estabilidade, sendo que essa provém do apoio, credibilidade e confiança que o titular desse cargo disfruta junto dos “lobbys” que se encontram por trás de si.

Ora, tal como já frisei, naquilo que concerne a exibições da equipa das Quinas, creio que existiam condições capazes de justificar a continuação de Queiroz no leme do barco, contudo, em adição a isso, teria de haver também, como já anteriormente referi, o tal apoio por parte dos senhores manda-chuvas que se encontram por trás da selecção, algo que, como demonstra todo este triste espectáculo a que temos assistido recentemente, não existe!

Como tal, não senhor Queiroz! Lamento, mas não existem quaisquer condições para você se manter no seu posto! Considere-se uma vitima! Considere-se um bode expiatório! Porém, o melhor que tem a fazer é resignar-se e abandonar o seu cargo com dignidade, permitindo assim manter o seu prestígio profissional e, bem mais importante na minha perspectiva como adepto, permitindo à selecção nacional apaziguar-se e encontrar um rumo calmo e competitivo que lhe permita regressar às boas exibições e qualificar-se para a fase final do próximo campeonato da Europa, algo que se avizinhará como tarefa difícil, caso este regime de divergência e guerra aberta se mantenha até ao termo do contrato do mal-amado sucessor de Scolari.

Opinem e indiquem temas que gostariam de ver abordados em futuras edições.

Cumprimentos.

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Olá pessoal!
É só para dizer para quando comentarem, não insultarem ninguém (a não ser que tenham razão :D), não fazer Pub., e principalmente não desiludir a vossa mãe, e ser bem-educado ;)
(Ou podes também fazer o contrário de tudo, mas arriscas-te a ver o teu comentário apagado! :D)
Vá agora deixa-te de merdas e comenta! ;)
Thanks!

Blogger Knuckles disse:
Eu falo por mim quando digo que não crucifixo o Queirós pelos resultados desportivos...

Contudo urge a necessidade de te corrigir em alguns pontos:

-A geração de ouro já estava praticamente formada quando ele lhe tomou as rédeas. O Nuno Gomes já tinha assinado pelo Benfica vindo do Boavista, o Rui Costa já era chamado à equipa principal assim como o Figo no Sporting. Daí que depreenda que com um base sólida de de jovens pupilos não fosse efectivamente difícil atingir o sucesso, se bem que não lhe retiro qualquer mérito pela conquista alcançada;

- Julgo que muita pouca gente poderia esperar mais da Selecção por terras Africanas. Inserida num grupo extremamente difícil, jogando com a melhores selecções da América e África, foi sem dúvida um feito termos ultrapassado esta fase e perder com dignidade frente a uma avassaladora Espanha, selecção que só aparece de 50 em 50 anos!

Mas sejamos honestos, o erro de Queirós não começa aqui. Começa numa convocatória hilariante repleta de Zé Castro´s, Ricardos´s Costa e afins, descurando o Daniel Carriço, Rui Patrício, Quim, João Moutinho, Carlos Martins, o repescado Amorim e afins. A falta desta estrutura base na selecção começou desde logo a provocar uma falta de empatia entre o povo português e o seleccionador, que só se veio a agravar.

- Por último toda a sua atitude arrogante de "eu é que sei quem convoco", a sua metodologia defensiva tão pouco usual por terras lusas, a sua falta de carisma e liderança (provado com os casos de Deco e Ronaldo) e a sua pseudo superioridade (onde referiu mais de o que uma vez que não tinha hipotecado o seu futuro no M.U para nada e que a Federação tinha uma estrutura amadora e de que não tinha uma academia que lhe desse estabilidade) levaram a que a sua popularidade continuasse a cair e a cair. Junta a equação ser este a sucessor do melhor seleccionador nacional de todos os tempos e vê por ti mesmo o resultado.

Um veredicto? Queirós deve ser urgentemente demitido. Caso contrário podemos estar perante uma nova situação à lá Raymond Domenech.
14 de agosto de 2010 às 12:00  
Anonymous joão miguel disse:
Concordo contigo em muito Knuckles, mas lá está, independentemente das surpresas na convocatória, etc, para o potencial que a equipa apresentava, a prestação Portuguesa no Mundial até nem se pode dizer decepcionante.

Pessoalmente, creio que o maior problema do Queiroz foi, justamente, ter apanhado uma selecção numa fase de transição em que tinha acabado de perder uma das suas melhores equipas de sempre a nivel de potencial técnico e aquele que foi o mais popular selecionador de sempre e,consequentemente, foi cruxificado desde o início.

Quanto à questão da falta de liderança, isso é subjectivo.Um líder apoiado é respeitado, um líder desapoiado é vitima de desobediência e lá está, Queiroz foi pouco credibilizado desde o ínicio, daí as situações com Deco e Ronaldo.

Quanto à tua conclusão final, sim, concordo, tendo em conta a actual situação o melhor que o Queiroz tem a fazer é dar corda aos sapatinhos e pirar-se, caso contrário, e perante possíveis maus resultados no futuro,correremos realmente o risco de se ver isto a descambar numa situação à la domenech.

Cumprimentos.
14 de agosto de 2010 às 13:55  
Anonymous Anónimo disse:
Este caso é ridículo. É só mais um "teatrinho" para entreter.
E isto vai-se arrastar o verão todo e no final o Queiroz vai continuar na Selecção Nacional...Quando ele diz que "mais do que nunca tem condições para continuar à frente da selecção" é porque tem lá os tais lobby's a proteger o menino.

Ok, não devemos crucificar o Queiroz pela modesta prestação no Mundial.. Temos de dar tempo ao tempo. Mas, na minha opinião, um seleccionador deve ser um líder nato, que dá o murro na mesa quando é preciso. O Queiroz não tem essa personalidade...Prefere dar murros a outros... Enfim.

Abraço João Miguel :)
14 de agosto de 2010 às 15:46  
Blogger César Santos disse:
Boa tarde,

Desculpem-me a sinceridade, e referindo-me ao comentário, mas se existe algum lobby na federação, que é indiscutível e inegável, é contra Queiroz, e quem afirmar o contrário delira, e delira muito. As pessoas que estão na federação são as mesmas de há 25 anos para cá e concerteza que não se esqueceram da mítica frase do professor, onde ele afirmava que era necessário limpar a "porcaria" da federação.

Sejamos claros e objectivos, foi a muito custo que as mais altas instâncias aceitaram Queiroz para seleccionador. E só o aceitaram por duas razões. Primeiro: era alguém mais ou menos consensual por entre os três grandes clubes os portugueses, podia não aproximá-los, mas também não os afastava. Segundo: os mais altos dirigentes estavam convictos que de uma forma ou de outra se livrariam de Queiroz e este episódio com Luís Horta foi só um pretexto para alimentar a guerra.

Quanto aos resultados que Queiroz alcançou com a selecção não há muito a dizer, nem a criticar. Os "aurautos da verdade" esquecem-se que o professor teve de reconstruir uma selecção mitigada após a saída de Scolari, que mesmo tendo alcançado bons resultados no Euro-2004 e Mundial-2006 não fez nada pelo futuro da nossa selecção.

Na minha opinião, o antigo adjunto de Ferguson tem condições técnicas mais que suficientes para continuar à frente da equipa portuguesa. Apenas acho que deverá tentar modificar o seu comportamento no que à comunicação diz respeito, porque seja com a imprensa ou com os jogadores, Queiroz tem alguma dificuldade em lidar com determinados assuntos.

Contudo, como é óbvio, politicamente será complicado o professor continuar no cargo, sobretudo devido ao clima de crispação que é notório por toda a federação.

Enquanto que a Federação não for capaz de pensar no futebol português e não nos bolsos e ideias dos seus dirigentes ultrapassados continuaremos a ser capazes de criar um talento como Cristiano Ronaldo, mas também de haver clubes que nada pagam aos seus jogadores durante largos meses. É o triste fado português, do 8 ao 80 e vice-versa.

Cumprimentos
14 de agosto de 2010 às 17:28