Começo a escrever este aglomerado de linhas num estado frustrado e incrédulo. Por isso os mais susceptíveis a um maior grau de causticidade podem parar de ler por aqui. Obrigado pela compreensão.

Para principiar é por demais notória a baixa de forma do plantel encarnado, que perde com duas equipas que o ano transacto goleou em casa por 4-0 e 6-0, respectivamente. Só o mais ingénuo dos seguidores desta modalidade poderia pedir um rendimento equiparável ao do ano transacto. O Benfica assumiu a hegemonia do campeonato como se fazia nos anos 70, mas que é praticamente impraticável no actual futebol europeu, exceptuando o Barcelona nos últimos anos no campeonato espanhol. Mas o primeiro grande erro dos encarnados foi a falta de uma noção de realidade, a elevadíssimas expectativas de um promissor rumo europeu. Para tal efeito, o Benfica nunca poderia ver-se livre de jogadores como Di Maria ou Ramires. E por outro lado deveria procurar manter o domínio do campeonato português durante pelo menos mais duas épocas, ao invés de ter a ousadia de pensar em metas utópicas.

Contratar jogadores como Roberto ou Gaitan para preterirem os que deixaram o clube mostram uma falta de gestão, tanto a nível financeiro como a nível de scouting. Gaitan não tem de longe o potencial de Di Maria nem a sua capacidade de explosão, e sinceramente estou farto de dar o benefício da dúvida ao gigante espanhol, e então depois deste jogo, peço mesmo a titularidade de Moreira.

Mas passando à análise do jogo propriamente dito, devo começar por mandar umas quantas verdades à estação que foi outrora gerida por um magnata de alma vermelha. A TVI, ao que se assemelha à SporTv (gerida pelos manos Oliveira, nada assumidamente portistas, e até nem se fala num deles para render Pinto da Costa), possui uma dupla de comentadores irritante, pouco pertinente, que falha em comentários e dados, e tecem considerações de quem percebe muito pouco de futebol. E aqueles comentários emotivos ao estilo americano deixam-me doente. Se pretendesse ouvir um esquizofrénico a gritar a cada passa sintonizava na TSF.

Na minha óptica aconteceu neste segundo jogo um pouco do que aconteceu no primeiro. O adversário dá os primeiros minutos de jogo ao Benfica para estudar a sua postura em campo, e após entender a fragilizada equipa encarna, tenta assumir o jogo. O Benfica não consegue incutir o respeito nas suas exibições que incutia o ano passado, onde já não se perguntava quem ganhava, mas sim por quantos o Benfica ganhava. A equipa de Luz fez o suficiente para vencer, mesmo não estando ao seu nível, sofrendo dois golos bem bizarros (o primeiro de uma falta inexistente e o segundo uma pérola de Roberto). O guardião adversário voltou a assumir uma postura intransponível e com um Saviola medíocre e um Cardozo inexistente, não se podia esperar mais eficácia no ataque.

Culpas também para Pedro Proença, o pseudo-sócio que já nos valeu tantos pontos, o célebre marcador de pénaltis no Dragão, como aquela risória paródia à lá Lisando Lopez. Um golo que nasce de um livre que não existente, cartões amarelos a quem fala e não a quem joga futebol como luta livre (com especial ênfase para um Orlando Sá que, tendo escola onde teve os últimos dois anos, agrediu por mais do que uma vez os centrais encarnados sem bola).

Espero agora para ver as alterações tácticas, os reforços como Salvio e os que ainda ingressar, e uma mudança táctica e psicológica num plantel que parece manter as bases mas carecer de alguém que consiga desequilibrar e seja a alma da equipa.

Agora que o jogo está a acabar um comentário para as claques madeirenses, com todo o folclore, mostram o quão brejeiras são e que lambem mais as botas a quem lhes compra jogadores (aka Rúben Micael), do que a quem vai a sua ilha construir casas após um desastre natural. Curioso.

Para findar reafirmar que estou farto de ouvir os mentecaptos da quarta estação, que não se cansam de realçar que este é o pior resultado dos últimos 50 anos. Porque não falar dos inúmeros recordes batidos no ano passado?

Saudações encarnadas.

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