Crónica do Desassossego # 8 - 5 de Outubro – 100 anos de República? :: publicado por Anónimo.
Ontem assistimos em todas as televisões, às (ridículas) celebrações dos 100 anos da República portuguesa. Sim, ridículas. Em momentos de “apertar o cinto” gastar dinheiro naquilo é um pouco ridículo. Mas não é isso que me traz aqui.
Agora que a nossa república atingiu os 100 anos de idade e ela não apresenta um estado de saúde que se recomende, aumentam, na internet, as vozes que "chamam pela Monarquia". Dizem que o sistema já se foi, a república não trouxe mais-valias nenhumas, que isto só serve para “tachos” e blá blá blá. Meus amigos, vamos lá ter calma ok? Vamos lá pensar antes de dizer qualquer coisa e não mandar “bitaites”. Disso estamos cheios.
Na verdade, a república só está entre nós desde 1974, desde a Revolução dos Cravos. Porquê? De 1910 a 1926 (o período da 1ª República) o ambiente vivido era de construção de uma nova era e de uma nova fase no cenário político português. As revoluções propostas pelo Governo da 1ª República eram muito fortes e vinham de forma a reestruturar tudo de forma diferente.
Os republicanos sempre acreditaram na força e na importância da instrução. Por isso diziam: - "O Homem vale sobretudo pela educação que possui". Assim, durante a 1ª República, e logo a partir de 1910, os governos republicanos fizeram importantes reformas no ensino. A principal preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros.
Os governos republicanos também tentaram responder às reivindicações dos trabalhadores. No sentido de diminuir as injustiças sociais e melhorar as condições de trabalho, publicaram algumas leis de protecção do trabalhador. Mas as coisas continuavam difíceis para o lado dos trabalhadores...Enquanto os operários, camponeses e outros trabalhadores continuavam a ter uma vida miserável, nas grandes cidades vivia uma burguesia numerosa e cada vez mais endinheirada.
A 1.a Guerra Mundial (1914-18), na qual Portugal participou, agravou a vida difícil dos trabalhadores portugueses.
No nosso país, como aliás nos outros países da Europa, as consequências da guerra foram desastrosas - desorganização geral, subida de preços, falta de alimentos, greves, desemprego. Apesar de todo o movimento sindical durante a 1ª. República, as desigualdades sociais permaneciam. A coisa não estava a resultar...
E por estas razões, durante a 1ª. República, entre 1910 e 1926, Portugal viveu um período de grande instabilidade governativa.
Tanto o Presidente da República como o Governo, para não serem demitidos, precisavam de ter no Parlamento uma maioria de deputados que os apoiasse. Isso raramente acontecia porque os deputados ao Parlamento estavam frequentemente em desacordo.
Por isso, em 16 anos, Portugal teve 8 Presidentes da República e 45 Governos.
A maioria dos Presidentes não cumpriu os 4 anos de mandato que a Constituição estipulava. E os Governos eram substituídos constantemente, não chegando a ter tempo de concretizar medidas importantes para o desenvolvimento do País. E a que isto nos levou? A uma ditadura militar.
A Revolução de 28 de Maio de 1926, Golpe de 28 de Maio de 1926 ou Movimento do 28 de Maio, também conhecido pelos seu herdeiros do Estado Novo por Revolução Nacional, foi um pronunciamento militar de cariz nacionalista e anti-parlamentar que pôs termo à Primeira República Portuguesa, levando à implantação da auto-denominada , em Estado Novo, regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974. Foi isto uma república? Não. Claro que não.
Agora que a nossa república atingiu os 100 anos de idade e ela não apresenta um estado de saúde que se recomende, aumentam, na internet, as vozes que "chamam pela Monarquia". Dizem que o sistema já se foi, a república não trouxe mais-valias nenhumas, que isto só serve para “tachos” e blá blá blá. Meus amigos, vamos lá ter calma ok? Vamos lá pensar antes de dizer qualquer coisa e não mandar “bitaites”. Disso estamos cheios.
Na verdade, a república só está entre nós desde 1974, desde a Revolução dos Cravos. Porquê? De 1910 a 1926 (o período da 1ª República) o ambiente vivido era de construção de uma nova era e de uma nova fase no cenário político português. As revoluções propostas pelo Governo da 1ª República eram muito fortes e vinham de forma a reestruturar tudo de forma diferente.
Os republicanos sempre acreditaram na força e na importância da instrução. Por isso diziam: - "O Homem vale sobretudo pela educação que possui". Assim, durante a 1ª República, e logo a partir de 1910, os governos republicanos fizeram importantes reformas no ensino. A principal preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros.
Os governos republicanos também tentaram responder às reivindicações dos trabalhadores. No sentido de diminuir as injustiças sociais e melhorar as condições de trabalho, publicaram algumas leis de protecção do trabalhador. Mas as coisas continuavam difíceis para o lado dos trabalhadores...Enquanto os operários, camponeses e outros trabalhadores continuavam a ter uma vida miserável, nas grandes cidades vivia uma burguesia numerosa e cada vez mais endinheirada.
A 1.a Guerra Mundial (1914-18), na qual Portugal participou, agravou a vida difícil dos trabalhadores portugueses.
No nosso país, como aliás nos outros países da Europa, as consequências da guerra foram desastrosas - desorganização geral, subida de preços, falta de alimentos, greves, desemprego. Apesar de todo o movimento sindical durante a 1ª. República, as desigualdades sociais permaneciam. A coisa não estava a resultar...
E por estas razões, durante a 1ª. República, entre 1910 e 1926, Portugal viveu um período de grande instabilidade governativa.
Tanto o Presidente da República como o Governo, para não serem demitidos, precisavam de ter no Parlamento uma maioria de deputados que os apoiasse. Isso raramente acontecia porque os deputados ao Parlamento estavam frequentemente em desacordo.
Por isso, em 16 anos, Portugal teve 8 Presidentes da República e 45 Governos.
A maioria dos Presidentes não cumpriu os 4 anos de mandato que a Constituição estipulava. E os Governos eram substituídos constantemente, não chegando a ter tempo de concretizar medidas importantes para o desenvolvimento do País. E a que isto nos levou? A uma ditadura militar.
A Revolução de 28 de Maio de 1926, Golpe de 28 de Maio de 1926 ou Movimento do 28 de Maio, também conhecido pelos seu herdeiros do Estado Novo por Revolução Nacional, foi um pronunciamento militar de cariz nacionalista e anti-parlamentar que pôs termo à Primeira República Portuguesa, levando à implantação da auto-denominada , em Estado Novo, regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974. Foi isto uma república? Não. Claro que não.
Em consonância com os tempos que se viviam na Europa, o novo poder assumiu-se como anti-parlamentar, atribuindo as culpas do caos que se instalara no país à política partidária e ao jogo do parlamentarismo. Assim, assume-se como uma ditadura militar, que em pouco tempo se passou, em desafio claro ao parlamentarismo democrático, a auto-denominar a Ditadura Nacional, encarnando um regime militar progressivamente mais autoritário. Numa das suas primeiras medidas, o general Gomes da Costa dissolveu o parlamento, instituição então muito vilipendiada e acusada de ser principal causador da instabilidade política, e suspendeu as liberdades políticas e individuais. No entanto, a nova ditadura era instável porque o movimento militar não tinha projecto político definido e não conseguiu resolver os problemas económicos.
Nada isto tem a ver com uma república!
Por isso só a partir do dia 25 de Abril de 1974 é que começamos a viver, outra vez, a República.
Façamos as contas: de 1910 a 1926 (16 anos) 1ª República; de 1926 a 1974 (48 anos) Ditadura; 1974 até aos nossos dias (36 anos até agora) República outra vez. 48 anos em ditadura e 52 anos em República. Apenas 4 anos de diferença entre um e outro regime...
A República trouxe-nos muitas coisas boas: trouxe-nos a ideia da escolaridade obrigatória, trouxe-nos a estrutura de trabalho tal como a conhecemos hoje, trouxe-nos a liberdade, abriu-nos a porta ao mundo, etc... No estado em que a Monarquia estava naquela altura (totalmente subjugada à Inglaterra por causa da questão do ultimato) a revolução era inevitável!
Então estaríamos melhor se a revolução republicana não tivesse existido? Não sei.
Nesta altura ainda não estamos muito nos jogos de interesses parlamentares e partidários e a olhar pouco para os interesses do povo? Sim, ainda estamos. Mas nós ainda somos um República jovem. São 100 anos falsos. Perdemos muito com a ditadura militar. Perdemos toda a evolução que estava em ebulição na Europa...
Eu quero ser positivo. E não quero entrar em convulsões parvas. Vamos olhar em frente e construir finalmente algo sólido. O passado serve para aprendermos. Não voltaremos a ele...
Força! Coragem! Em frente é o caminho! Ainda temos muito para aprender! Chega de lamurias! É tempo de reagir!
Nada isto tem a ver com uma república!
Por isso só a partir do dia 25 de Abril de 1974 é que começamos a viver, outra vez, a República.
Façamos as contas: de 1910 a 1926 (16 anos) 1ª República; de 1926 a 1974 (48 anos) Ditadura; 1974 até aos nossos dias (36 anos até agora) República outra vez. 48 anos em ditadura e 52 anos em República. Apenas 4 anos de diferença entre um e outro regime...
A República trouxe-nos muitas coisas boas: trouxe-nos a ideia da escolaridade obrigatória, trouxe-nos a estrutura de trabalho tal como a conhecemos hoje, trouxe-nos a liberdade, abriu-nos a porta ao mundo, etc... No estado em que a Monarquia estava naquela altura (totalmente subjugada à Inglaterra por causa da questão do ultimato) a revolução era inevitável!
Então estaríamos melhor se a revolução republicana não tivesse existido? Não sei.
Nesta altura ainda não estamos muito nos jogos de interesses parlamentares e partidários e a olhar pouco para os interesses do povo? Sim, ainda estamos. Mas nós ainda somos um República jovem. São 100 anos falsos. Perdemos muito com a ditadura militar. Perdemos toda a evolução que estava em ebulição na Europa...
Eu quero ser positivo. E não quero entrar em convulsões parvas. Vamos olhar em frente e construir finalmente algo sólido. O passado serve para aprendermos. Não voltaremos a ele...
Força! Coragem! Em frente é o caminho! Ainda temos muito para aprender! Chega de lamurias! É tempo de reagir!
Um abraço,
Guakjas
--
PS: Tive o auxilio do livro de História do 6º ano da minha irmã mais nova para escrever este texto. Há certos pormenores que, como é óbvio, não são da minha cabeça: são História!
Guakjas
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PS: Tive o auxilio do livro de História do 6º ano da minha irmã mais nova para escrever este texto. Há certos pormenores que, como é óbvio, não são da minha cabeça: são História!
Etiquetas: 5 de Outubro, Centenário da República, Crónica do Desassossego, Guakjas
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